Lula e polvo podem editar e controlar seus próprios genes cerebrais

A descoberta de que polvos e lulas podem editar suas próprias instruções genéticas confirmou a reputação de “aliens” terrestres. Ao contrário de outros animais, os cefalópodes — polvos, lulas e sépias— não obedecem aos comandos do seu DNA ao pé da letra.
Em vez disso, eles às vezes interferem no código genético como se esse estivesse sendo transportado por um “mensageiro” molecular. Isso tem o efeito de diversificar as proteínas que suas células podem produzir, levando a algumas variações interessantes.

 - O DNA é o código que guarda as informações de como deve funcionar nosso organismo. Ele é "passado a limpo" em uma molécula similar a ele, chamada de RNA. A informação do RNA é então traduzida para formar todas as proteínas do nosso corpo. 

Em um estudo, conduzido por pesquisadores do Laboratório Biológico Marinho (MBL) e da Universidade de Tel Aviv, e publicado esta semana no periódico Cell, evidenciou-se um sistema capaz de um tipo especial de evolução baseada na edição de RNA em vez de mutações no DNA e, possivelmente,  responsável pelo comportamento complexo e pela alta inteligência observada nos cefalópodes, defendem alguns cientistas. Ao passo que domínios altamente conservados de edição do RNA limitam a variabilidade genética destes animais, a edição aumenta a plasticidade destes seres.
O que os biólogos descobriram é que mais de 60 por cento do RNA transcrito no cérebro de lulas são recodificados por edição. Em outros animais, desde moscas de fruta até seres humanos, tais eventos de recodificação ocorrem apenas em uma fração de um por cento das vezes.
Altos níveis de edição de RNA foram identificados em três outras espécies “inteligentes” de cefalópodes, dois polvos e uma sépia.
A mecânica da edição de RNA de cefalópodes ainda está sendo investigada:
“Quando é que eles ativam tal mecânica, e sob quais influências ambientais? Poderia ser algo tão simples quanto as mudanças de temperatura ou tão complicado quanto uma experiência, uma forma de memória”, diz Joshua Rosenthal, principal autor do Marine Biological Laboratory em Woods Hole, EUA.
Polvos e outros cefalópodes têm uma série de características que têm feito especialistas compará-los a aliens, incluindo a camuflagem de mudança de cor instantânea, sangue azul e uma capacidade de ver a luz polarizada.


Traduzido e reescrito de:
https://www.newscientist.com/article/2127103-squid-and-octopus-can-edit-and-direct-their-own-brain-genes/

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