Depressão e as bactérias do nosso intestino: uma relação provável.
Pesquisadores estabeleceram uma correlação entre depressão e um grupo de bactérias produtoras de neurotransmissores encontradas no intestino humano.
Antes de mais nada, que são neurotransmissores?
Antes de mais nada, que são neurotransmissores?
Neurotransmissores são substâncias químicas com a função de sinalização, sendo por meio delas possível enviar informações a outras células, como neurônios. Como exemplo, temos dopamina, adrenalina, serotonina, e muitos outros. Nosso foco será dado a um em específico: GABA.
GABA é um neurotransmissor que age induzindo as sinapses, sendo um dos principais neurotransmissores excitatorios. Já existe fundamento suficiente para afirmar que existe forte relação entre os níveis de GABA e quadros de depressão e/ou ansiedade.
Dessa forma, a equipe de pesquisa do Laboratório Nacional Argonne do Departamento de Energia dos EUA (DOE), da Northeastern University e de outros locais iniciou seu trabalho ao isolar a bactéria KLE1738. A bactéria já encontrava-se na lista das "mais procuradas", após detectar-se sua presença em quase 20% dos microbiomas intestinais humanos avaliado. Surpreendente foi a descoberta da dependência desta bactéria de ácido gama-aminobutírico (GABA) para sobreviver.
"Devido às suas necessidades únicas de crescimento, ninguém mais relatou o crescimento da KLE1738", disse Philip Strandwitz, pesquisador em pós doutorado e principal autor do artigo.
"Devido às suas necessidades únicas de crescimento, ninguém mais relatou o crescimento da KLE1738", disse Philip Strandwitz, pesquisador em pós doutorado e principal autor do artigo.
Durante um extenso processo de triagem, a equipe descobriu que o KLE1738 exigia a presença de Bacteroides fragilis, uma bactéria intestinal humana comum, para crescer.
Outros testes biológicos e purificação levaram ao isolamento de GABA como o fator de crescimento produzido por Bacteroides fragilis. O GABA foi, de fato, o único nutriente testado durante os experimentos que suportaram o crescimento do KLE1738.
Na próxima fase de pesquisa, a equipe explorou a possível conexão entre Bacteroides e depressão. Amostras de fezes e medidas de ressonância magnética funcional da atividade cerebral foram coletadas de 23 indivíduos que sofriam de depressão clinicamente diagnosticada.
Os pesquisadores descobriram uma relação inversa entre a abundância relativa de Bacteróides fecais e a conectividade funcional em uma parte do cérebro associada à atividade elevada durante a depressão. Isso significa que à medida que a população de Bacteroides spp diminuía, a alta atividade naquela parte do cérebro aumentava!
"Um bom primeiro passo é repetir nossas descobertas em coortes humanas adicionais, as quais estamos explorando ativamente", disse Strandwitz de mais pesquisas. "Quando se trata de depressão, os modelos animais são muitas vezes difíceis de traduzir, e é por isso que estamos tão animados com os estudos humanos."
Trabalhos recentes publicados nos periódicos Science e Cell identificaram a presença de neurônios sensoriais no intestino que são conectados ao cérebro. "Seria ótimo explorar se o GABA microbiano pode atuar como um sinal através desse caminho", disse Anukriti Sharma, co-autor do artigo da Nature Microbiology e estudioso de pós-doutorado em Argonne.
Strandwitz e o co-autor Kim Lewis, um ilustre professor universitário na Northeastern, fundaram uma empresa de biotecnologia, a Holobiome, para desenvolver terapias baseadas em microbiomas que visam doenças do sistema nervoso. Gilbert é membro do conselho consultivo científico da empresa. Pesquisas adicionais serão necessárias, no entanto, antes que seja possível desenvolver um tratamento para pessoas que sofrem de depressão.
Falaí Biotec
Traduzido e reinterpretado de: https://www.sciencedaily.com/releases/2019/02/190213124350.htm
Acesso em 17 de fevereiro de 2019
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