Outro cientista está editando geneticamente embriões humanos - mas de maneira ética


Nem toda pesquisa voltada à edição genética humana é feita de maneira igual.

O cientista chinês He Jiankui é um exemplo de pesquisador imprudente. Ele forjou documentos e usou tecnologias não testadas em humanos enquanto conduzia sua pesquisa, o que culminou no nascimento das duas primeiras crianças geneticamente modificadas em novembro do ano passado.

Por outro lado, tem-se Dieter Egli. Na última sexta-feira (01/02/2019), a americana National Public Radio publicou a história que versava sobre a pesquisa de um biólogo da Universidade de Columbia, voltada à edição genética humana - mas ao invés de colocar vidas humanas em perigo, como a pesquisa de He, a de Egli poderia ajudar a salvá-las.

De acordo com a história da NPR, Egli está usando CRISPR para editar geneticamente embriões humanos de tal modo a evitar que bebês herdem um defeito genético que pode levar à cegueira.

Essa é a mesma técnica que He usou, mas ao contrário do pesquisador chinês, Egli destrói os embriões da pesquisa um dia após a edição.

"Por hora, não estamos tentando criar bebês", diz Egli a NPR. "Nenhuma dessas células irão se desenvolver dentro do útero de uma pessoa".

Também diferente de He, um grupo de outros cientistas e bioeticistas acompanham o trabalho de Egli, avaliando seus planos antes de qualquer experimento no laboratório.

De acordo com Egli, o tipo de pesquisa que ele está conduzindo é essencial caso a humanidade queira usar de fato a tecnologia CRISPR para prevenir doenças genéticas hereditárias, incluindo as fatais.

"Nós não podemos simplesmente fazer as edições e esperar que tudo de certo ao inserir o embrião modifcado no útero. Isso não é uma atitude responsável", diz Egli a NPR. "Antes disso temos de fazer vários estudos mais básicos e observar os resultados, antes de partir para uma gestação de fato. E é isso que estamos fazendo".

Uma das 'inventoras' e co-fundadora de uma das primeiras empresas a comercializar a tecnologia CRISPR, Jeniffer Doudna, parece concordar.

"Há algum valor nesse tipo de pesquisa? Creio que sim", disse ela à NPR. "Isso deve ser feito de maneira cuidadosa e sob diretrizes regulatórias para esse tipo de pesquisa? Com certeza. Mas acho que há valor em fazer esse tipo de pesquisa".

É claro, alguns críticos pensam que cientistas não deveriam fazer nenhum tipo de pesquisa relacionada à edição genética humana.

"Nós não precisamos ficar mexendo com os genes de futuras crianças", afirma Marcy Darnovsky, autora especialista em biotecnologia humana. "Isso pode abrir caminho a um mundo em que pessoas que foram geneticamente modificadas poderiam ser vistas como superiores a outros, e então teríamos uma sociedade dividida em pessoas que foram geneticamente modificadas e as que não foram".

E talvez isso seja verdade. Mas não podemos 'desinventar' o CRISPR, e se quisermos maximizar os benefícios aos humanos enquanto os perigos são minimizados, são necessárias pesquisas responsáveis sobre a tecnologia - e de acordo com a matéria da NPR, é exatamente o que Egli está tentando fazer.


Falaí Biotec

Traduzido de: https://futurism.com/gene-editing-human-embryos-us/
Acesso em: 02/02/2019

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