Quatro novas letras duplicam o alfabeto da vida
O DNA da vida na Terra
naturalmente guarda informações em somente quatro principais estruturas químicas
– guanina, citosina, adenina e timina, comumente referidos como G, C, A e T,
respectivamente.
Agora cientistas duplicaram esse
número de “blocos de construção” da vida, criando pela primeira vez uma
linguagem genética sintética, com oito letras, que parece armazenar e transmitir
informação assim como o DNA natural.
Em um estudo publicado em 22 de
fevereiro na revista de divulgação científica Science, um grupo de
pesquisadores liderados por Steven Benner, fundador da Fundação de Evolução
Molecular Aplicada (Foundation for Applied Molecular Evolution) em Alachua, Florida,
sugere que um alfabeto genético expandido poderia, em teoria, também suportar vida.
“É realmente uma decoberta
marcante”, diz Floyd Romesberg, biólogo químico do Instituto de Pesquisa
Scripps, in La Jolla, California. O estudo sugere que não há nada
particularmente "mágico" ou especial sobre esses quatro compostos químicos
que evoluíram na Terra, diz Romesberg. "Isso é um avanço conceitual",
acrescenta ele.
Normalmente, quando uma dupla
fita de DNA se enrola para formar a dupla hélice, as estruturas químicas que o
formam se pareiam: A se liga a T, e C se liga a G.
Por um longo período de tempo,
cientistas tentaram adicionar mais pares dessas estruturas, também chamadas de
bases, ao código genético. Por exemplo, Benner criou as primeiras bases “não
naturais” na década de 1980. Outros grupos desde então continuaram na tentativa,
como o grupo no laboratório de Romesberg se tornando manchete em 2014 após inserirem
um par de bases não naturais em uma célula viva.
Mas o estudo mais recente é o
primeiro a sistematicamente demonstrar que as bases complementares não naturais
reconhecem e se ligam umas às outras, e que a dupla hélice por elas formada
mantém sua estrutura.
A equipe de Benner, que inclui
pesquisadores de diversas empresas e instituições estadunidenses, criou as
letras sintéticas ajustando e alterando a estrutura molecular das bases
naturais. As letras do DNA se pareiam porque formam ligações de hidrogênio:
cada uma contém átomos de hidrogênio, que ão atraídos aos átomos de nitrogênio ou
oxigênio das suas bases complementares. Benner explica que é quase como peças
de Lego, que podem se juntar quando os pinos de um lado da peça se encaixam com
os buracos da outra.
Ao ajustar esses pinos e buracos,
a equipe criou vários novos pares de bases, incluindo um par nomeado S e B, e
outro P e Z. Nesse estudo publicado recentemente, a equipe descreve como essas
bases sintéticas são combinadas com as naturais. Os pesquisadores chamam essa
linguagem de oito letras de “hachimoji” uma junção das palavras japonesas ‘oito’
e ‘letra’. As bases adicionais são parecidas em formato às quatro naturais, mas
possuem variações em seus padrões de ligação.
Os pesquisadores então conduziram
uma série de experimentos que mostraram que a sequência sintética por eles
criada compartilha características do DNA natural que são essenciais para
manter a vida. E alguns afirmam que isso seria prova de que a vida pode ser
estruturada de maneira diferente, possibilitando que a vida extraterrestre seja
mais provável do que pensávamos.
Falaí Biotec
Traduzido e adaptado de: https://www.scientificamerican.com/article/4-new-dna-letters-double-lifes-alphabet/
Acesso em: 02/03/2019
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