Entrevistas: Prof. Felipe Maraschin
A partir de hoje, o blog do Falaí conta também com entrevistas com
pesquisadores! Essa nova modalidade de textos de divulgação do nosso blog, além
da já conhecida tradução de notícias, bem como os artigos a respeito da
Biotecnologia no Brasil e no Mundo, vem para mostrar a percepção de professores
e pesquisadores a respeito da Biotecnologia, e da importância de se fazer
ciência.
Para estrear essa nova modalidade, nosso primeiro entrevistado é o
professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Felipe Maraschin, que atua na área de Biotecnologia, Fisiologia e Genética
Vegetal.
Quando questionado sobre a importância da Biotecnologia na ciência, o
professor responde que "a Biotecnologia é uma ciência de soluções" e
que ela "busca no conhecimento que temos sobre os processos biológicos,
químicos e físicos, a geração de soluções a demandas específicas da
sociedade". Ressalta sobre a finitude dos recursos naturais que até pouco
na história da humanidade foi encarada com preocupação, e que nem todas as soluções
do passado se aplicam no cenário atual. No entanto, acredita que com a
aplicação do conhecimento científico podem ser geradas soluções inteligentes
para os desafios que uma população crescente pode oferecer.
Quanto à importância de se fazer ciência, expõe como os avanços
tecnológicos das últimas décadas e séculos permitiram com que chegássemos onde
chegamos como humanidade. "Olhe ao seu redor, como você está lendo este
texto? Provavelmente numa tela de um computador ou num telefone que recebeu os
dados pela web. Nada disso existia 30 anos atrás. É só pensarmos no que a
humanidade tinha 2000 anos atrás e no que tem hoje. Absolutamente tudo que
conseguimos na história que nos fez evoluir e chegar até aqui é produto direto
da inovação científica e tecnológica." Comenta também sobre como esses
avanços possibilitaram o aumento na expectativa e qualidade de vida, bem como o
aumento populacional.
Já quanto à importância da divulgação científica, aponta que a sociedade
como um todo desconhece a realidade do fazer científico. "As pessoas são
tão alienadas à ciência que elas pensam que ela ocorre num mundo paralelo, que
em algum lugar existe um cientista em um laboratório empoeirado fazendo
experimentos obcecadamente como um nerd sem rumo produzindo
descobertas que só servem para outros cientistas, e que dinheiro público foi
desperdiçado nessa 'brincadeira'." Comenta também que desfrutamos de
milhares de avanços científicos no nosso cotidiano, sem nos darmos conta de que
isso foi resultado de inúmeras pesquisas, e como exemplo o que consideramos
hoje como um 'simples' exame de sangue, desde o tubo onde é coletado, até a
forma como seu médico recebe esses resultados de maneira rápida e eficiente,
são fruto de incontáveis artigos publicados por centenas de cientistas do mundo
todo. "O simples fato de chamar um transporte por aplicativo envolve a
coordenação de sinais de satélites, sensores de GPS, triangulação matemática,
processamento de dados que quem não sabe como acontece acha muito normal poder
visualizar num mapa georeferenciado no seu smartphone quanto tempo irá demorar
para o motorista chegar.”
Além disso, comenta que "Talvez a divulgação científica falhe em
fazer o público saber que há ciência em tudo, e que o trabalho para se chegar
até ali foi árduo e maravilhoso. Todos adoram aproveitar a tecnologia sem ter
ideia de como ela foi tornada possível. Creio que sim, precisamos levar o
encantamento que o cientista tem com a descoberta para o grande público."
No que diz respeito ao futuro da Biotecnologia, Maraschin acredita que
ela se tornará cada vez mais aceita e entendida pelo público, ao passo que as
pessoas entenderem melhor o que ela faz. "As tecnologias que dispomos hoje
colocarão a Biotecnologia no centro da inovação tecnológica." Também
ressalta que sua principal preocupação é com relação à “exploração da
tecnologia para caminhos não sustentáveis e que visem o lucro acima do bem
comum”, mas que essa é uma preocupação sua, "desde governos à formulações
de iogurtes".
Falaí Biotec
Agradecimento especial ao professor Felipe Maraschin, que aceitou nosso
convite para participar da entrevista.
Nós do Falaí Biotec acreditamos que a divulgação da ciência com vista a
aproximar as pessoas do fazer científico é fundamental para progredirmos, na
ciência e consequentemente como sociedade.
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