Microrrobôs estão mudando a forma como se trabalha com células
Em um
novo estudo publicado na Proceedings
of the National Academy of Sciences,
pesquisadores da Universidade de Toronto demonstraram uma nova maneira, não
invasiva, de se manipular células usando os avanços da microrrobótica.
A manipulação de células
– mover pequenas partículas de um lugar a outro - é uma parte fundamental de diversos estudos
científicos. Um dos métodos para se manipular células é através de pinças
optoeletrônicas (POE), que usam diversos padrões de luz para interagir com o
objeto de interesse.
Por conta dessa
interação direta, existem limitações para a força que pode ser aplicada, bem
como a velocidade com que o material celular pode ser manipulado. É aí que o
uso de microrrobôs se torna útil.
Um grupo de
pesquisadores liderados pelo pesquisador Dr. Shuailong Zhang e o professor
Aaron Wheeler, projetaram microrrobôs (que trabalham na escala submilimétrica)
que podem ser operados por POE para a manipulação de células.
Ao invés de utilizar a
luz para interagir diretamente com as células, a luz é usada para orientar os
microrrobôs com formato de engrenagens, que conseguem “capturar” material celular, transportá-lo e
liberá-lo em outro lugar. Essa manipulação pode ser feita em velocidades
maiores, e causando menos dano à célula quando comparado aos métodos
tradicionais de POE.
“A capacidade desses
microrrobôs ‘dirigidos’ pela luz de realizarem controle, isolamento e análise
não invasivos e precisos em ambientes biológicos complexos os torna uma
ferramenta extremamente poderosa", diz Zhang.
“Técnicas tradicionais
usadas na manipulação de células únicas enquanto são avaliadas por microscopia
são lentas e tediosas, exigindo muita perícia para serem realizadas”, diz
Wheeler, professor do departamento de química com consultas cruzadas para o
Instituto de Biomateriais e Engenharia Biomédica (IBBME) e o Centro Donnelly de
Pesquisa Celular e Biomolecular. “Já esses microrrobôs são relativamente
baratos e simples de usar, e têm uma ampla variedade de aplicações, tanto nas ciências
biológicas como em outras áreas.”
Além de análise de
células, esses microrrobôs podem também ser utilizados na classificação de
células (para expansão clonal), sequenciamento de RNA e fusão de células
(comumente usadas na produção de anticorpos).
Cindi Morshead, do IBBME
e do Departamento de Cirurgia, e presidente da divisão de anatomia, é coautora
do estudo. No laboratório de Morshead, no Centro Donelly, sua pesquisa em
medicina regenerativa trabalha com células-tronco neurais no cérebro e na
medula espinhal.
“Células-tronco neurais respondem
a uma série de diferentes estímulos ambientais, que podem se alterar por conta
de lesões, assim provocando sinais e respostas celulares, o que é um grande
desafio quando tentamos aproveitar o potencial dessas células-tronco para reparo
neural”, afirma Morshead. “Esses microrrobôs permitem o controle preciso das células
e do microambiente no seu entorno, ferramentas que precisaremos para aprender a
melhor forma de ativar as células-tronco”.
Falaí Biotec
Referências:
ZHANG, Shuailong et al. The optoelectronic microrobot: A versatile toolbox for
micromanipulation. Proceedings Of The National
Academy Of Sciences, [s.l.], p.1-8, 9 jul. 2019. Proceedings of the National
Academy of Sciences. http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1903406116.
Traduzido e adaptado de: University
of Toronto. "Microrobots to change the
way we work with cellular material." ScienceDaily. ScienceDaily, 8 July 2019.
<www.sciencedaily.com/releases/2019/07/190708154034.htm>.
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